Serpente Violência (Hinsa-loka)
Casa 52
Aqui o jogador já compreende e conhece a unidade da existência.
Esse conhecimento é fruto de um caminho de austeridades e disciplina, práticas focadas e rigorosas, que lhe trazem poderes.
O orgulho pode inflar seu ego e o fazer acreditar possuidor de toda verdade. Portanto, todo aquele que não concorda com ele, está enganado.
E precisa ser esclarecido quanto à verdade.
Assim começa a violência…
O jogador querendo impor sua verdade, como única e absoluta.
“Tirar” o outro do equívoco e da mentira, se torna uma obsessão.
A violência é disfarçada de uma motivação amorosa e nobre: ajudar a pessoa a sair da ignorância. Mas a base é um julgamento de que o outro está na mentira e eu sei a verdade.
Essa polaridade é cheia de crenças errôneas, presunção e exclue o outro no seu momento e na sua verdade.
Podemos perceber a violência de várias formas e tipos, presente nas nossas vidas em diversos âmbitos e relações.
Entre casais, pais e filhos, empregados e empregadores, vizinhos, políticos e governantes, nas redes sociais, etc…
Todo preconceito e discriminação, é uma forma de violência.
Qualquer tratamento desigual, gritos, fala grosseira , desprezo, imposição de idéias, valores e desqualificação da igualdade de direitos , é preconceito.
É especialmente importante , lembrarmos das instituições religiosas, que com líderes autoritários, exercem todo tipo de violência em “nome de Deus”.
As guerras santas e cruzadas podem ser melhor compreendidas nessa casa.
De que maneira o exercício do nosso poder pessoal, nos leva a acreditar, que somos detentores da verdade?
Que temos o direito de usar e impor às pessoas nossas idéias e valores…
O que nos faz acreditar que podemos impor através de ameaças e do medo, nossas verdades ao outro?
Nesse caminho que acontece no jogo da vida, na busca da consciência, o que nos afasta da compaixão e do coração?
Reconhecer-nos abusadores nessa atitude de violência, nos arrependermos sinceramente, ouvir o que de fato está sendo dito pelo outro e respeitá-lo, é o convite dessa serpente.
Serpente do Egocentrismo (Ahankara)
Casa 55
Aham significa “eu” ou “eu sou”
“Kara” quer dizer forma
Ao nascermos no jogo da vida, na Terra, assumimos uma forma.
Ao nos identificarmos com o corpo físico, acontece a experiência do “eu individual”, cria-se uma separação entre eu e o outro.
A superfície do eu individual é recoberta por uma camada de lembranças, posses, desejos, experiências, apegos, opiniões e preconceitos. Ao incorporar tantas coisas o eu vai se tornando espesso e excessivo.
O eu identificado com posses e atributos, se torna Ahankara. Daí derivam ” mim, meu e me”.
Identificados com o ego, esquecemos do Eu verdadeiro, a essência do Ser e por força do hábito nos tornamos o ego, apegado às diferenças e à separação.
A percepção individual no corpo físico, se transforma em um tirano insaciável, vaidoso e orgulhoso.
Resultado da percepção limitada que nos leva a tomar a parte pelo todo.
Não se identificar com a totalidade, nos leva ao egoísmo.
Mergulhamos na ignorância de maya.
O jogador se torna centrado em si mesmo, buscando a qualquer preço, a realização de seus desejos.
Os meios de conseguir o que se quer, ainda que às custas do desrespeito e passar por cima do outro, é o que faz sentido para o egoísta.
Aqui, estamos na sétima linha do jogo, o plano mais elevado que o jogador pode chegar. A liberação e o encontro com a Consciência Cósmica está próximo.
Para isso é necessário abrir mão do ego.
Se Ahankara resiste a esse movimento , o jogador desce através da serpente, até a casa da raiva, localizada na primeira linha do jogo.
E daí ,precisa recomeçar seu caminho, rumo à Consciência Cósmica, um caminho de desidentificação com o ego.
Nesse grande Lilah, o caminho é perceber-se a cada passo no jogo da vida, como Consciência divina. O que implica necessariamente na morte do ego.
Pergunte-sobre seu medo de se entregar para o novo.
Olhe para seu orgulho que o coloca em uma posição acima dos outros e se achando melhor.
Reconheça o tamanho de sua raiva, ao ser contrariado em seus desejos e expectativas.
O medo, o orgulho e a raiva são companheiros inseparáveis do egoísmo.
Serpente do Intelecto Negativo
Casa 61
Essa serpente está na última linha do jogo, aqui faltam 7 passos , para chegarmos à Consciência Cósmica, onde o jogo termina.
Essa linha tem 3 serpentes, o que nos mostra que quanto mais expandimos a consciência, o mal em nós também aparece e faz parte dessa expansão; olhar e integrar nossa sombra.
Ao tentar expressar os aspectos que garantem a admiração e aprovação dos outros, negamos nosso lado mais humano e verdadeiro, que é a chave e a força para a unidade.
As serpentes são valiosas e nos levam à realização do divino em nós.
Essa é a serpente da dúvida , a mente do jogador avalia negativamente a situação e esquece da presença divina conduzindo cada passo do caminho.
Embora já conheça e viva na Lei do Dharma, a força que necessáriamente o leva para o Bem, diante de alguma situação mais difícil que se apresente em sua vida, ele duvida do Dharma e não reconhece as possibilidades e oportunidades que aquela situação apresenta.
A negatividade é uma grande armadilha e leva o jogador para a casa 13, a nulidade; um estado vibracional de dúvida e medo que provoca uma contração de energia e a uma sensação de insignificância.
Aqui tudo perde o sentido e o jogador não consegue aceitar o momento presente como uma manifestação do divino. Esquece que TUDO é uma manifestação do UM.
Essa resistência e dúvida o levam de volta à segunda linha do jogo, onde deverá fazer o caminho de volta ao Dharma, à confiança , positividade e entrega, sabendo que tudo coopera para o bem.
Um bom exemplo é quando uma criança pequena, ao ouvir seu pai falar:
“Hoje vai chover.”
Ela pergunta:
“Isso é bom ou ruim?”
Revelando uma atitude de entrega e confiança.
Se o pai vibra na positividade do jogo da vida, responde: “Nem bom , nem ruim. Tudo depende de como aproveitaremos esse dia de chuva.”
Não se prender à circunstância , e sim às possibilidades que cada experiência traz para o nosso crescimento, é o melhor caminho. Nos matém na positividade e na criatividade nesse jogo da vida.
Serpente da Obscuridade Tamas
Casa 63
Tamas em sânscrito significa escuro.
Essa serpente está relacionada à ausência de luz.
Luz é conhecimento.
Escuridão é ignorância.
A ignorância é a mente.
A mente inquieta nos leva para os estímulos externos e infinitos desejos, nos prende à paixões, fora de nós mesmos. Nos distrai da verdade.
E pode nos levar à acomodação, sustentada no orgulho do “dever cumprido”… estado que “ignorantemente”, nos libera da ação .
Nesse momento, a percepção da vida e do mundo se torna, obscurecida por essa ilusão, ignoramos as lições aprendidas no caminho até aqui.
Tamas é a maior serpente do jogo, está bem perto da Consciência Cósmica.
Ao cairmos nessa serpente, a força da ignorância e orgulho nos leva de volta à casa 2, maya.
Tamas é um render-se incondicional à ilusão.
O jogador esquece que o jogo ainda não terminou, e que há ações a serem feitas, antes da liberação.
Entra em um estado de acomodação acreditando que se parar de agir, estará a salvo do erro.
Esse é o maior dos erros, a não ação é impossível no jogo do karma!
Essa brincadeira da vida, está sempre nos apresentando situações novas, que pedem um posicionamento, levando em conta o conhecimento e o discernimento.
A resistência a isso nos coloca no entorpecimento e esquecimento da nossa própria luz.
Essa serpente revela um grande perigo que vivemos todos os dias.
Ao buscarmos o conhecimento e aprimoramento, nunca estamos prontos.
É preciso lembrarmos das forças do Dharma, (a ação correta )e do Karma, (a escolha da ação), atuantes e presentes a cada passo, no jogo da vida.
Quantas vezes desistimos, perto da chegada e movidos pela inércia, preguiça e acomodação, somos levados ao início e temos que começar tudo de novo.
Serpente da Inércia Tamoguna
Casa 72
Tamoguna é a última serpente do tabuleiro e está na casa 72.
Em seu aspecto de luz, leva o jogador de volta à Terra, na casa 51.
Essa volta é necessária, uma vez que o jogador, através do dado cármico, foi levado além da casa 68.
Essa serpente oferece ao jogador uma nova forma material , para que ele possa no jogo da vida evoluir em algumas questões.
Nesse sentido é uma serpente que sinaliza o fim de um ciclo e a possibilidade de um recomeço.
Uma nova fase que começa na linha da intuição (o jogador aqui já tem uma consciência espiritual desenvolvida), lugar em que o jogador já consegue “ver” através da unidade.
Tamoguna tem luz e também escuridão. Por essa ignorância , muitas vezes nos prende à inércia e falta de iniciativa.
Por isso, tamoguna precisa do atributo da ação.
Dúvida, confusão e obscuridade são características dessa serpente. A inatividade é sua natureza essencial.
Por essa razão o jogo nos mostra, que é preciso voltarmos à Terra , o planeta da ação e descobrir um novo caminho em direção à verdade.
A vida na Terra nos apresenta inúmeras possibilidades e desafios de ações que nos levam à descoberta dos nossos talentos.
Como uma escola de aprimoramento e autoconhecimento, nossas boas e más ações, nos auxiliam na criação da nossa verdade e nos levam ao encontro do eu Real.
Essa serpente nos conta que sempre é e possível recomeçar.
No dia a dia a energia da inação , está presente em tudo o que acontece, é à noite, ao dormir, que nos entregamos à ela.