A nossa verdadeira natureza, é quem somos por trás das aparências; além dessa forma visível e desse corpo físico.
Nascemos seres humanos nessa vida, o que nos dá acesso à percepções inteligentes e intuitivas que nenhum outro ser possui. É sábio usarmos isso.
Os elementos que compõem a Terra são os mesmos elementos formadores do corpo humano, e as leis que governam as ações da Terra, são as mesmas que governam as ações do homem.
“assim como é dentro, assim é fora”
Somos manifestações micro cósmicas do macrocosmos. Não reconhecer isso é negar o próprio âmago da realidade.
Não podemos fugir disso. Somos produtos dessas forças cósmicas , que criam em nós, uma direção e um fluxo, ao resistirmos a isso, pagamos o preço da dor e da solidão.
Como nos harmonizarmos com essas forças do Universo?
O Maha lilah e o Yoga são dois caminhos que nos levam ao encontro da nossa verdadeira natureza e à harmonia ao fluxo do Universo.
Para clarear um pouco mais a ilusão em que mergulhamos ao nascer na Terra, e a mentira que vivemos a respeito da verdade que somos; contarei uma parábola hindu:
“Um filhote de tigre, muito novinho, perdido de sua mãe, perambulava desamparado pela floresta, à cata de comida, proteção e amor, quando foi encontrado por um rebanho de cabras. Uma delas adotou-o. Passou a amamentá-lo e a cuidar dele como se fosse um de seus cabritinhos. O tigrinho, criado como cabrito, acabou por “cabritificar-se”. Passados anos, fisicamente, tornara-se um magnífico animal, musculoso, enorme, belo… mas, psicologicamente, era um jovem bode, vegetariano, tímido e pacífico…a vida correu assim até o dia em que um tigre caçador atacou o grupo, que debandou apavorado. O tigre assaltante foi surpreendido por um quadro muito estranho: um tigre igual a ele, tremendo, paralisado pelo medo, a balir como uma cabra acovardada. Ainda pasmado, o tigre caçador tomou-se de compaixão e decidiu tratar do caso. Procurou primeiro acalmar o outro, tão ridículo e estranho. Depois, com insistente doutrinação, tentou fazê-lo ver que ele não era um frágil caprino, mas um portentoso animal, ágil, vigoroso, valente, carnívoro…Por algum tempo fez uso de diversas didáticas, pretendendo que seu discípulo compreendesse que eles eram iguais em “tigritude”. O outro, no entanto, fechava-se em sua hipnose, dogmaticamente convencido de sua “caprinitude”. O tigre -guru mostrou que, refletidas no espelho de um lago tranquilo,suas imagens eram idênticas. Não foi bastante para libertar o discípulo ignorante e teimoso. Certa ocasião, o guru matou uma gazela e fez o aluno comer um naco de carne sangrenta. Era o que faltava. Agora, livre da ignorância, o tigre reassumiu sua verdadeira natureza. Imediatamente sua energia, sua valentia, sua agressividade, sua “tigritude”se manifestaram de forma plena.”
(tirada do livro: O que é Yoga Hermógenes)
O Maha lilah e o yoga são caminhos de saída da ilusão, dessa hipnose dogmática que nos faz acreditar que somos esse corpo físico, nesta breve vida humana.
Caminhos que nos levam à despertar a consciência da alma, a redescobrir nossa “tigritude”.
O yoga e o maha lilah são caminhos de autoconhecimento e descoberta das energias mais sutis que revelam a consciência do Divino em nós,
Nos conectam à nossa natureza transcendental e eterna.
Nosso corpo físico existe em dois níveis: um mais denso e material, visível e outro mais sutil, composto da força vital prana, mente , intelecto, ego e consciência.
Através do prana, o corpo denso e o corpo sutil, estão conectados no ser humano.
De uma maneira mais presente e constante, percebemos a mente através dos nossos pensamentos.
Vivemos em flutuações constantes da mente, que são resultados da interação da nossa mente com o mundo externo.
“Yoga é controlar essas flutuações da mente” Patanjali
Mas como conseguir esse controle?
O yoga e o maha lilah são caminhos para chegarmos ao controle da mente, eles nos ajudam a conhecer nossa mente, perceber a mente e então, parar de se identificar com ela. Ao nos darmos conta de uma parte em nós, esse “eu observador”, que não é a mente, começamos a despertar a consciência e reconhecer o que verdadeiramente somos.
O maha lilah e o yoga estão assentados na tradição védica. Os vedas nos contam muito claramente sobre os objetivos da vida humana. Nos mostram as forças mais grosseiras e mais sutis que estão em jogo na vida, como integrá-las no despertar da consciência.
Os vedas nos contam que a segunda maior força do Universo é Maya, a ilusão.
No maha lilah, Maya está na segunda casa do tabuleiro. Logo que nascemos no jogo da vida, mergulhamos em Maya e acreditamos que somos seres separados uns dos outros, criados no momento do nascimento nascimento.
Será mesmo?
Onde estávamos antes de nascer e para onde vamos depois da morte é algo nebuloso, nesse grande jogo que é a vvida.Como num sonho, o tempo antes e depois dessa vida na Terra, é um mistério.
O maha lilah e o yoga, dois caminhos práticos, vão nos conduzindo através do tabuleiro e dos asanas e pranayamas a essa desilusão de que “somos” apenas esse breve momento, finito, na Terra.
No jogo e no yoga, caminhos de interiorização, vamos conhecendo nosso corpo, nossa mente, nossos pensamentos e também, as leis do Universo , que regem o “dentro” e o “fora” de nós. Nessa busca de conhecimento e autoconhecimento, chegamos à parte mais sutil e essencial, que permeia e sustenta toda a criação material: o Eu Divino.
O objetivo do yoga e do maha lilah é unirmos essa energia mais densa à energia mais sutil e chegarmos à Consciência Cósmica.
Essa Verdade está nos Vedas.
Essa Verdade é a experiência do Yoga.
Essa Verdade é a experiência de jogar o maha lilah.
“Yoga é a força de pensar por si mesmo
Mesmo que os outros digam o contrário
Yoga é a capacidade de pensar
Além de si mesmo
Mesmo que os outros insistam
Em pensar apenas em si”
Tales Nunes
Quando a busca do conhecimento do “si mesmo verdadeiro”, se torna o principal na nossa vida, podemos deixar de lado todo o resto.
Então, o yoga se transforma num estilo de vida, em que o maior desejo é a busca da consciência.
E a consciência nos leva a melhores escolhas e à possibilidade de criar nossas vidas a partir da matéria prima mais elevada: o amor.
Conhecer a verdade só é possível através da experiência, o maha lilah e o yoga são experiências, que requerem tempo e dedicação. Sem a experiência, a verdade é apenas uma idéia.
Na vida diária, a verdade é ter uma consciência guiada pela sabedoria, que nos leva à ações mais amorosas, livres do egoísmo. A fazer o que beneficie a si mesmo e aos outros. Esse é o exercício do amor mais altruísta, puro e verdadeiro.
Jogar o maha lilah e praticar yoga são experiências que redimensionam nossa vida, ampliam nosso olhar, reúnem os vários “eus” .
Venha experimentar! É divertido!
Elma, professora de yoga, vem fazendo um trabalho de grupos de estudos do yoga e maha lilah comigo, ela coloca:
“Yoga e Maha Lilah se complementam perfeitamente: é como se um explicasse o outro. Na fileira central do tabuleiro temos a coluna vertebral , no yoga trabalhamos este centro de energia através dos chakras, que é o caminho para a expansão da consciência. No jogo nos confrontamos com nossas fraquezas, inseguranças , deficiências. Na prática do yoga sentimos e trazemos à tona essas sombras. No jogo as espadas nos lançam além dessas limitações e nos indicam novas possibilidades de ultrapassar os limites da matéria densa. O yoga nos traz a possibilidade de ultrapassar essa escuridão através dos asanas, atenção à respiração e meditação, quando podemos entrar no silêncio e ir alcançando pacientemente paz e alegria. O maha lilah não tem começo nem fim, vida ou morte. O yoga nos proporciona a experiência desse infinito dentro de nós. O caminho percorrido no tabuleiro e a prática do yoga sempre nos levam até a Consciência Cósmica. Porque é nesse estado de consciência que devemos estar. Todos nós vamos conseguir, porque o fim é apenas uma ilusão. A verdade é o infinito.”
Elma Martins
Professora de hatha Yoga