O Maha Lilah é um jogo milenar, criado há mais de 4.000 anos a.c., pelos sábios na Índia.
Ainda que antigo, é super atual, já que as questões e os conflitos humanos colocados em jogo, são os mesmos que nos rodeiam hoje.
Maha quer dizer grande e Lilah, brincadeira.
Os Vedas( Escrituras Sagradas),que são a base desse jogo, nos contam que a vida é uma grande brincadeira . Nós levamos muito a sério cada momento ou situação , como se isso fosse tudo. Muitas vezes as confusões e conflitos da nossa vida nos paralisam e nos desviam daquilo que viemos fazer aqui nesse mundo e do que pode nos fazer felizes.
Foi nesse contexto de confusão e distanciamento da verdade, que os sábios criaram o Maha Lilah, como um instrumento a ser usado como um caminho de autoconhecimento e expansão da consciência.
Os Vedas contém uma visão muito clara das necessidades,dos desejos e objetivos da vida humana. Oferecem os meios para a pessoa questionar-se sobre si mesma e sua verdadeira natureza. Um traço característico da cultura indiana, desde sempre, tem sido a busca da verdade e o concomitante caminho do autoconhecimento.
Baseando-se na verdade védica , o Maha Lilah é um jogo de conhecimento da natureza humana e do mundo em que vivemos, que de maneira lúdica nos mostra um caminho de aperfeiçoamento e descoberta da felicidade.
Como jogar?
Precisamos de 3 coisas:
- tabuleiro
- um dado
- um objeto pessoal
O tabuleiro tem 72 casas.
Essas casas revelam questões humanas, tais como sobrevivência, segurança, prazer, poder pessoal, talentos, sentimentos, pensamentos, expressão e realização.
Essas energias vão desenhando um caminho de cada um, na busca de aprender a estar nessa vida, de se conhecer e fazer escolhas.
O tabuleiro é uma forma material que demonstra o que está acontecendo dentro de nós, é um espelho de percepção de si mesmo, uma ferramenta que amplia nossa consciência.
E como desenho da consciência, o tabuleiro trabalha com campos energéticos e surge do encontro das energias do Céu com as energias da Terra; nas suas diversas formas, densidades e sutilezas.
O Maha Lilah é uma jornada , um caminho seguro que nos leva de volta à nossa fonte.
Uma jornada que nos transforma e revela os segredos que podem tornar nossa vida aqui na Terra, um milagre!
Conhecer as Forças invisíveis, que nos movem, nos tira do sofrimento e nos permite sentir a presença de algo infinito que nos protege e nos guia o tempo todo.
A percepção dessas forças, acontece através da intuição, que se revela através do Eu Superior, da meditação ,do Maha Lilah.
Assim como sabemos que a força da gravidade, por exemplo, atua na nossa vida nesse planeta;mesmo que não a vejamos com os olhos físicos; assim é com as forças invisíveis que sustentam o Universo e estão presentes na Natureza.
Vamos “olhar” agora para três dessas forças:
1. SINCRONICIDADE
O que é a sincronicidade?
“Existe algo de indistintamente completo,
Anterior à origem do Céu e da Terra.
Quão silencioso! Quão vazio!
Independente e imutável,
Gira em círculos, desimpedido.
Podemos considerá-lo a mãe do mundo.
Não conheço seu nome..
Havendo necessidade, eu o chamarei de O Grande”
Lao -Tse
C.G. JUNG nos diz:
“O princípio da causalidade nos afirma que a conexão entre causa e efeito é uma conexão
necessária. O princípio da sincronicidade nos afirma que os termos de uma coincidência
significativa são ligados pela simultaneidade e pelo significado.
A sincronicidade trata de “coincidências”, conexões acausais, que nos trazem uma nova
dimensão e compreensão da realidade”
A sincronicidade nos faz perceber que existe uma ordem oculta no fluxo da vida.
Por trás de uma coincidência sempre há um recado do Universo, algo que pensamos acontece, algo que sonhamos acontece…alguém que lembramos e nos manda mensagem na sequência. Tudo isso nos desperta para essa conexão que existe no Universo, entre tudo que acontece dentro e fora de nós.
Na Índia parece que a sincronicidade faz parte da respiração. Estive em algumas cidades sagradas no Himalaia, entre muitas “coincidências”, vou contar uma pra vocês:
Viajando há dias por estradas desertas e de difícil acesso, num micro-ônibus,em um grupo de 20 pessoas; ao nos aproximarmos de uma cidade maior, falei para o meu marido:
“Estou enjoada de tanta comida indiana, hoje gostaria de um sanduíche do Subway”
O ônibus deu seta e entrou numa lanchonete Subway…inacreditável!
Mágico.
A experiência da sincronicidade é assim, essa surpresa que nos revela, num tempo mais próximo ou mais distante, que somos co-criadores da nossa vida.
Na Índia, essa conexão é muitas vezes imediata.
O Maha Lilah é regido pela sincronicidade, nossa vida também é.
O jogo acontece neste campo da sincronicidade, por isso revela de uma maneira sincrônica o que está acontecendo dentro de nós , naquele momento.
2. KARMA
Karma quer dizer AÇÃO.
A palavra Karma significa qualquer atividade inteligente que acontece na Natureza (macrocosmo), ou no ser humano (microcosmo).
Cada atividade cósmica ou humana, conforme sua natureza específica, produz resultados bons, mundanos ou maus.
Portanto, cada vida humana é o efeito das atividades de vidas passadas. E a soma de todas as atividades de toda vida de uma pessoa determinará uma ou mais de suas encarnações futuras.
Na natureza o homem é dotado de livre arbítrio, que pode ser usado em seu benefício ou prejuízo, dependendo de suas escolhas.
O Karma é muito mal falado, as pessoas dizem, por exemplo: meu vizinho é meu karma, ele escuta música alta o tempo todo!
Será que Karma é algo negativo?
NÃO.
Essa é uma distorção do que verdadeiramente é Karma.
Karma quer dizer simplesmente ação neutra, nem boa, nem ruim.
Entretanto, dependendo das nossas ações, das nossas escolhas, podemos criar um efeito positivo ou negativo.
O karma está assentado na lei de Ação e Reação.
Podemos escolher uma ação positiva ( motivada pelo altruísmo), que criará um resultado favorável na nossa vida, ou ao contrário, uma ação negativa (motivada pelo egoísmo), que criará efeitos desfavoráveis. Inevitavelmente, teremos que responder a esses efeitos.
Então,saber que existe uma Lei de causa e efeito, que rege nossas ações, e que esses efeitos dependem das escolhas das nossas ações, nos dá a percepção de que o bom ou o
mal na nossa vida é responsabilidade nossa. Ter uma vida mais feliz ou mais infeliz,depende das nossas escolhas passadas e presentes.
E finalmente, é responsabilidade nossa, como co-criadores da nossa vida: criar uma vida mais feliz.
No Maha Lilah o karma é a primeira casa da terceira fileira do jogo, que trata da questão do nosso poder pessoal. O nosso poder pessoal começa quando descobrimos, conhecemos, percebemos e incluímos a força do karma em nossas vidas.
O karma causa o ciclo de renascimentos e mortes. E também é a força que pode nos liberar desse ciclo.O mesmo karma cria a amarra e a liberação.
À medida que vamos nos responsabilizando pelo karma do nosso corpo e consciência, nos sincronizando às Leis do Universo, passamos a viver em harmonia com o propósito dessa vida.
O jogo da vida nos leva em um movimento de desidentificação com o corpo e energias materiais mais grosseiras, para os domínios mais refinados de consciência.
Nesse caminho, precisamos praticar ações ordenadas do corpo e da mente e pela autodisciplina, chegar à Consciência Cósmica.
Essa casa é o primeiro passo do nosso poder pessoal, a percepção de que nossas escolhas boas ou más criam nossa vida, nos coloca na consciência do Karma. Passamos a usar o nosso livre arbítrio com mais sabedoria, na expansão da nossa consciência.
3. DHARMA
Dharma, da raiz sânscrita dhri, “sustentar ou dar apoio”.
Muitas vezes traduzido simplesmente como virtude, é um termo abrangente que inclui as leis naturais e as verdades eternas, que sustentam a ordem divina do Universo e do homem, miniatura do Universo.
Desse modo, Dharma são aqueles princípios imutáveis que permanentemente protegem o homem do tríplice sofrimento: doença, infelicidade e ignorância.
O Dharma é uma força que nos acompanha nessa vida.
Ele existe em vários níveis:
Nosso dharma como seres humanos, aquilo que sustenta uma pessoa em relação às outras pessoas, o meu papel enquanto uma pessoa humana. Minhas ações em relação às outras pessoas ,tão humanas quanto eu.
São os valores básicos que governam a própria humanidade. Eu sei exatamente o que quero para mim, posso entender exatamente o que a outra pessoa quer: eu não quero ser enganada, as outras pessoas também não.Esse é nosso dharma universal.
O dharma que me sustenta em relação à pessoa específica que eu sou. O que me sustenta como pessoa que nasceu nesse dia, nesse país, nessa família, com esse conhecimento e habilidades?
O dharma de ser essa pessoa, é fazer aquilo que é minha contribuição para o Universo. É reconhecer a minha capacidade de agir nesse mundo e exercer os meus vários papéis nos diversos segmentos da minha vida. O meu dharma é o meu papel, a minha função neste mundo, exercendo a minha qualidade especial e única, que permite a contribuição, que somente eu posso dar ao mundo.
E por fim, o Dharma maior e mais profundo que nos sustenta a todos, e é a nossa essência verdadeira.
Aquilo que me sustenta no que sou fundamentalmente e verdadeiramente, por trás da minha humanidade e do meu papel aqui nesse mundo.
No Maha Lilah o dharma está na casa 22 do jogo, que nos mostra que há uma força atemporal e não espacial, que trabalha na existência humana.
Essa força vive nas profundezas da realidade.
Aprender a agir com consciência é atuar de acordo com as leis do Universo, em direção à consciência cósmica.
A força do dharma nos conduz e nos pergunta: