Lilah e Meditação: dois caminhos que andam juntos na busca do autoconhecimento – Por: Beth Marcond
O Maha Lilah e a Meditação são práticas que nos ajudam a redescobrir quem somos.
Ao entrarmos no lilah, essa grande brincadeira que vivemos aqui na Terra, mergulhamos em maya, a ilusão.
No tabuleiro do Maha Lilah, depois da casa 1-Nascimento , vamos para a casa 2- Maya, a força da ilusão.
Essa força, encobre a Unidade e nos mantém presos na dualidade. Na multiplicidade das formas, maya nos engana e nos faz acreditar que somos esse corpo físico, separados uns dos outros. Perdemos a memória e esquecemos quem verdadeiramente somos.
Maya é o cenário e a cena onde nossa vida acontece.
E assim, seguimos acreditando que somos diferentes uns dos outros.
Criamos uma lista de gostos e aversões em relação a pessoas e coisas. Essa lista nos limita e passa a ser o grande alimento de maya e de todas as nossas ilusões pessoais.
Criamos um mundo bem pequeno, pobre e contraído; esquecemos do mundo infinito de onde viemos.
A história das duas rãs ilustra esse fato:
“Havia duas rãs, uma que vivia no litoral e outra que vivia em um poço a alguma distância. Um dia a rã do litoral estava pulando ao redor para explorar a paisagem e chegou ao poço. Após discutir o mérito de ver o mundo mais amplo, ela desafiou a rã do poço para vir com ela. A conversa foi assim:
-Você gostaria de vir à praia?
-Não, estou muito confortável aqui. Obrigada.
Por que você quer que eu vá?
-Só quero que veja como a água é linda onde moro.
-Obrigada, mas tenho bastante água aqui no meu próprio poço!
Após repetidas súplicas, a rã do poço finalmente concordou. Elas partiram e logo chegaram a uma pequena colina com vista para o mar.
Com um suspiro profundo, a primeira rã disse:
-NÃO é magnífico?
-O quê?
-Aquela bela água azul. Olha como é vasta, estendendo-se até o horizonte.
-Isso não é água! A água é preta e tem cheiro de mofo. Não tem esse movimento em turbilhão. A água é completamente parada.
-Não, isso realmente é água. Entre! Experimente! Você verá.
Elas pularam ladeira abaixo e chegaram à beira do mar. Quando a primeira onda tocou-lhe os pés , a rã do poço reconheceu que realmente era água e soltou um grito de espanto:
-Incrível! Você está certa! É água. Como é diferente!”
Essa história nos mostra como vivemos em um “poço”. Um poço feito das nossas circunstâncias e crenças a respeito da vida e de nós mesmos. Um olhar que nos prende aos nossos “gostos e aversões ” , fazendo com que o resto deixe de existir. O poço se torna toda a realidade.
Se pensarmos que essas duas rãs são dois lados nossos…que”sorte”. Ainda bem que existe um lado que nos lembra e nos chama para o oceano.
E se podemos escutar, descobriremos que há um oceano infinitamente maior do que o poço.
Essa descoberta ilumina o grande propósito dessa vida: descobrir quem somos realmente.
Até onde posso trocar minha visão limitada por uma visão ilimitada?
Nos conectando a esse propósito, vamos caminhando para o Eu real.
Qual é o caminho que nos leva do poço para o oceano?
O caminho é a meditação.
O maha lilah também é um caminho que expande a nossa consciência e nos leva ao encontro do nosso verdadeiro Eu. O maha lilah é uma forma de meditação.
O maha lilah nos mostra o conjunto de forças invisíveis, conscientes e inconscientes, atuantes e determinantes do nosso comportamento, dos nossos pensamentos, sentimentos e reações diante de cada momento na vida. Tudo isso constrói nossas escolhas, e cada escolha cria o melhor ou o pior em nós.
Por isso é tão importante conhecermos essas forças , que mesmo sem sabermos , nos prendem aos apegos e aversões, o gostar e o não gostar, de coisas e pessoas. Aprisionam nossa liberdade de escolha , nos tornam escravos de hábitos e humores.
Ao caminharmos no tabuleiro do maha lilah, criamos um momento de introspecção , de uma maneira lúdica, vamos estabelecendo uma “conversa” com o nosso eu interior.
Esse caminhar vai desenhando uma ” fotografia” do nosso momento energético atual e das forças positivas e negativas, que vibram em nós.
Por exemplo: se começamos o jogo pela casa 9, plano dos desejos, talvez estejamos perdidos em um mar de desejos e dúvidas; sem saber por onde ir.
Precisamos escolher um desejo, que nos dê a direção de movimento a ser feita nesse momento, na vida. Qual desejo escolher?
Jogamos o dado e a próxima casa , onde o dado nos leva, responderá essa questão.
Assim seguimos, a cada jogada, nesse caminho de autoconhecimento que o maha lilah promove.
A meditação também nos mostra essas forças que são determinantes da relação da pessoa com ela mesma e com o mundo.
O maha lilah e a meditação constróem uma ponte entre nossas energias mais grosseiras e as mais sutis.
Elevam nossa consciência a um grau mais sutil de energia que nos conecta ao nosso Eu Real.
A meditação assim como o maha lilah promovem uma purificação e um movimento da nossa energia.
Jogar o maha lilah e meditar, aquietar o corpo e a mente, recolher nossos sentidos, nos voltarmos para o nosso interior ; traz esse movimento de energia.
Muitas vezes, durante o jogo de maha lilah e a meditação, parece que nada está acontecendo.
A impressão é de que não há nenhum movimento. Mas na verdade, é como andar de avião, quando estamos voando, parece que estamos parados.
Ao chegar ao destino, algumas vezes do outro lado do mundo; é que percebemos a longa distância percorrida.
Assim é no maha lilah e na meditação, à medida que praticamos percebemos mudanças em nós.
De repente, nos vemos sentindo menos raiva, inveja, ciúme. Menos presos ao sentimento de “eu” e ” meu”.
Sentimos mais amor e alegria. O movimento de mudança e transformação de energia está acontecendo.
À medida que vamos aprofundando na meditação e no maha lilah, podemos abrir mão da ilusão de tentar controlar as situações . Acreditar que podemos fazer isso é ignorância.
O autoconhecimento que esses dois caminhos nos trazem, nos dá a consciência de que só é possível o autocontrole, não podemos controlar nada e nem ninguém.
Sem autocontrole ,vivemos à mercê das situações externas e da confusão da nossa mente.
Sair da ilusão e da ignorância, nos permite viver cada dia da melhor maneira possível. Podemos decidir como agir diante das situações. Fazemos melhores escolhas e construímos um destino melhor. Já que o destino se constrói no HOJE.