Maha Lilah: Criando o Sagrado no Cotidiano – Por: Beth Marcondes
O Maha Lilah nos conta que o sagrado está no coração.
Precisamos colocar o coração naquilo que fazemos no nosso dia a dia, assim criamos o sagrado em nossas vidas.
O que é o sagrado?
O Sagrado
não se prende nos templos.
não segrega o corpo.
não condena o prazer.
O Sagrado
não se esconde no orvalho.
não se nega ao selvagem.
não tem medo do nu.
O Sagrado
não encarcera a palavra.
não força o silêncio.
não se priva do amor.
Tales Nunes
Ao falarmos em sagrado, a imagem que vem, é de algo separado dos lugares e das ações comuns. Grande engano!
O sagrado está em tudo! Todas as ações podem ser sagradas e nada deve ser deixado de fora.
A questão é o quanto nos deixamos de fora da nossa própria vida. Buscamos o sentido e a plenitude, em coisas e pessoas que estão fora de nós.
E não encontramos.
Por isso no Maha Lilah, a casa do sagrado está no chakra do coração, somente na vibração do amor, conseguimos colocar na materialidade da nossa vida o sentido e a realização de nós mesmos, a nossa presença real, naquilo que fazemos. Amor por nós mesmos, amor pelos outros e por cada ação que nos é dada fazer.
Quando vibramos nos três primeiro chakras, nossas preocupações e olhares estão envolvidos na busca de proteção e segurança, e o estabelecimento do nosso poder pessoal. Vibramos fortemente na necessidade de sobreviver e atender nossas urgências.
Funcionamos muito no modo: “eu quero e preciso mais que todos”.
Nessa energia da separatividade, não há tempo para incluirmos o propósito, que nos trouxe à essa vida.
Então, muitas vezes, mergulhamos numa demanda de fazeres automáticos e incessantes, que nos exaure e não nos revela… aqui o sagrado não existe.
“Nosso corpo se segrega sem prazer
Chova ou faça sol… tanto faz
Nossa palavras, sempre as mesmas; são repetidos julgamentos e reclamações
O ambiente se torna dor , vazio e apego
Não existem humanos
Tudo é coisa.”
Há alguns meses atrás fiquei sem carro algumas vezes. Fui muitas vezes de táxi de casa para o trabalho e do trabalho para a concessionária. Nessas idas e vindas, pude experimentar momentos sagrados e momentos de aridez e privação.
Numa das vezes, peguei um táxi e era um dia de alto verão. Assim que entrei no carro, um banco espaçoso e uma água mineral geladinha, me envolveu num frescor agradável.
O aroma de capim santo do ambiente, me acalmou e a voz e a imagem de Andrea Bocelli me transportou para uma dimensão além do trânsito e da marginal. O motorista, de óculos de sol e camisa branca, me perguntou gentilmente se a temperatura do ar estava agradável.
Seguimos em silêncio. Não vi o tempo do percurso…senti que aquele motorista conseguiu criar no seu pequeno espaço de trabalho, um lugar sagrado.
Essa experiência teve como contraponto, uma outra viagem que fiz, com um outro táxi em que o motorista, no mesmo calor, andava com os vidros abertos e reclamando do trânsito e da falta de dinheiro. O percurso durou uma eternidade.
É uma escolha, uma decisão do que colocaremos na nossa vida a cada dia… o quanto de acolhimento e prazer criamos para trazer nossa verdade e algo que revela nosso Ser.
O Espírito das coisas se mostra apenas diante da abertura da presença
Tales Nunes
O sagrado nasce da consciência e Viver é estarmos conscientes, nos contemplarmos como parte da criação e como criadores da nossa realidade.
A escolha é nossa, a escolha é sua…de experimentar e criar a unidade com a presença do Divino em tudo. Essa Unidade passa a fazer parte da nossa existência cotidiana. Nos leva a buscar os vínculos entre o Divino e nossa vida diária. Esse desejo de confrontar e expandir a realidade tece a nossa essência.
No Sagrado somos convidados a nos curar e a grande cura acontece no coração, através do amor.
A cura está dentro de nós e não fora, nessa dimensão do sagrado que cria a união no macro e no micro.
Todos os dias eu acordo, tomo banho e medito. A caminho da cozinha, passo por um canto da sala, onde reina Durga, a mãe Divina que nos ancora na Terra. Peço proteção e clareza de consciência; para me tornar uma guerreira perfeita, no caminho de encontro do meu corpo e alma.
Todos os dias, essa escolha, de lembrar do melhor em mim, vai me despertando.