Maha Lilah (o jogo da vida): O que é e para que serve? — por Beth Marcondes
O que é o Maha Lilah e para que serve?
Você já se perguntou o que é essa vida e para que serve?
O que você está fazendo aqui nesse mundo?
Como ser feliz?
O Maha Lilah (Maha quer dizer grande e Lilah, brincadeira), inicialmente conhecido como Gyan Chaupad (jogo do conhecimento), é um jogo indiano muito antigo; é uma representação profunda do próprio jogo da vida e foi criado para responder a essas questões.
Estima-se que sua origem é anterior a 2.000 anos a.C., embora seja superatual, já que as questões e os conflitos humanos colocados em jogo são os mesmos que nos rodeiam hoje.
Em muitos momentos, essas questões e conflitos nos paralisam e nos desviam daquilo que viemos fazer aqui neste mundo e do que pode nos fazer felizes.
A base do Lilah é o conhecimento védico.
Na Índia, tudo deriva dos vedas: os rituais, os mantras, a dança, a música, as artes, a arquitetura, a escultura, a saúde.
Mas afinal, o que são os vedas?
A palavra veda significa sabedoria, conhecimento.
Os vedas são escrituras sagradas do hinduísmo e contêm uma visão muito clara das necessidades, dos caminhos, desejos e objetivos da vida humana. Oferecem os meios para a aquisição do autoconhecimento, levando a pessoa a questionar-se sobre si mesma e sua verdadeira natureza.
Um traço característico da cultura indiana, desde sempre, tem sido a busca da verdade e o concomitante caminho do autoconhecimento.
Baseando-se na verdade védica, os sábios criaram o Maha Lilah; um jogo de conhecimento da natureza humana e do mundo em que vivemos, que, de maneira lúdica, mostra um caminho de aperfeiçoamento e descoberta da felicidade.
“A verdadeira profissão do homem é encontrar seu caminho para si mesmo.”
Hermann Hesse
Como jogar?
Para jogar, precisamos de três coisas:
– do tabuleiro;
– de um dado;
– de um objeto pessoal que representará o jogador no jogo.
O tabuleiro
O Maha Lilah é um jogo de tabuleiro com 72 casas.
Essas casas revelam questões humanas, tais como sobrevivência, segurança, prazer, poder pessoal, talentos, sentimentos, pensamentos, expressão e realização. Esses tópicos vão desenhando uma trajetória, que é o caminho de cada um na busca de apreender essa vida, de se conhecer e fazer escolhas.
O tabuleiro é uma forma material que demonstra o que está acontecendo dentro de nós, é um espelho de percepção de si mesmo, uma ferramenta que amplia nossa consciência.
E como desenho da consciência, o tabuleiro trabalha com campos energéticos e surge do encontro das energias do Céu com as energias da Terra, nas suas diversas formas, densidades e sutilezas.
Espadas e serpentes
Essas energias são representadas por espadas e serpentes. As espadas encurtam os caminhos, elevam nossa energia e são resultados de melhores escolhas.
As serpentes, mais sinuosas, nos desviam, nos fazem perder energia e chamam nossa atenção para questões que precisam ser trabalhadas. São oportunidades de transformação.
As espadas e serpentes são igualmente valiosas nesse caminho da maestria de si mesmo, que é o grande objetivo do jogo da vida.
O dado
O dado determina por onde o jogador deve ir… é movido pelas vibrações da energia do jogador, que pode ser mais positiva ou negativa, dependendo de seus desejos e motivações.
Lançar o dado também simboliza a influência de uma energia maior do universo ou da natureza na nossa vida, o que nem sempre acontece numa sequência lógica. É no caminho do jogo que vamos encontrando o sentido do que acontece conosco, para onde somos levados… e, com o tempo, descobrimos as relações de causa e efeito, frutos das nossas escolhas.
O objeto pessoal é escolhido pelo jogador e deve ser pequeno para poder se movimentar nas casas no tabuleiro.
Uma intenção clara de receber respostas no caminho do Lilah magnetiza a peça com a energia do jogador e facilita a compreensão do que vai se revelando.
Como termina o jogo?
O jogo começa com a ilusão de que somos o corpo, de que vivemos apenas na realidade que os nossos sentidos podem perceber.
Isso é Maya: a força dos vários véus da ilusão, que cria as aparentes limitações e divisões e nos afasta da nossa essência interior, que é Unidade.
Maya é esse poder que cria a ilusão de “Eu e Meu”, “Tu e Teu”; é a ignorância que leva ao individualismo exacerbado. Essa ênfase excessiva no eu individual alimenta sentimentos de competitividade, solidão e pessimismo. Nos prende no egoísmo.
“A ilusão trabalha, impenetrável,
tecendo trama de expressão inumerável;
suas vistosas imagens, incessantes,
véu sobre véu acumulam, constantes;
feiticeira, sempre acreditada
pela pessoa sedenta de ser enganada.”
Emerson
Ao caminhar pelo tabuleiro, entre serpentes e espadas, vamos tirando os véus da ilusão.
Dessa maneira percebemos melhor o mundo de nomes e formas (Maya), que determinam os limites e as diferenças aparentes entre os objetos. Sob essa ilusão ninguém é completamente feliz.
À medida que o jogador se move de espaço em espaço no Lilah, vai se construindo um caminho único e próprio daquele indivíduo, um sentido é criado a partir da relação das casas entre si.
Por exemplo, se o jogo começa pela casa da Purificação, indo para a casa da Dispersão, esse movimento sugere uma questão a ser trabalhada. A dispersão de si mesmo é fruto da dependência emocional nos relacionamentos, e leva para a Confusão.
Como mudar isso?
A resposta está na próxima casa para a qual o dado levará o jogador.
Esse caminho vai revelando ao jogador aspectos do relacionamento consigo mesmo, com o outro e com o mundo; é um retrato de sua própria existência no momento. Mostra, também, ferramentas que podem promover mudanças para um estado de mais harmonia.
O próprio ato de jogar vai limpando a energia do jogador e expandindo sua capacidade de discernimento.
O final do jogo é a expansão da consciência, a chegada à casa da Consciência
Cósmica, que revela a verdade sem tanta ilusão.
O jogador, então, adquire a clareza, a percepção e a experiência de que a felicidade, que tanto procura, está dentro de si mesmo e não fora.