A cura da ilusão jogando o Maha Lilah — por Beth Marcondes
Vivemos uma grande ilusão.
Você já pensou nisso?
Às vezes é preciso uma vida inteira para descobrirmos essa ilusão.
Na correria em que vivemos, sempre precisando de algo, imersos num dia a dia cheio de tarefas, não percebemos a mentira. Acreditamos que essa vida material, aqui no planeta Terra, é tudo o que temos e somos.
Será?
Será que essa vida é mesmo real?
Essas perguntas podem nos levar além das fronteiras do conhecido e do que podemos ver com os sentidos do corpo. Podem nos tirar do hábito, da inércia e principalmente do medo, que nos fazem encolher no mínimo possível da existência, e ficar repetindo e repetindo sempre o mesmo, na tentativa de mantermos tudo igual e sob controle.
Para nos sentirmos seguros, passamos a viver dentro dos limites estreitos do visível.
É como se estivéssemos em um castelo imenso, rodeado por amplos jardins, vivendo apenas e sempre em um único quarto. Até percebemos sinais de que há algo além desse espaço, mas não saímos desse confinamento.
O mundo se torna pequeno, limitado e sem horizonte.
E continuamos acreditando que a vida é isso.
Será que essa é a única realidade?
Ou será que a vida pode ser mais interessante?
Podemos abrir a janela do quarto e descobrir o mundo lá fora? É possível sairmos dessa monotonia rançosa e encontrar uma outra dimensão da realidade?
“Um físico tinha uma ferradura pendurada na porta de seu laboratório. Seus colegas ficaram surpresos e perguntaram se ele acreditava que ela traria sorte para suas experiências. Ele respondeu: Não, eu não acredito em superstições. Mas me disseram que funciona mesmo se você não acreditar.”
R.L. Weber
Na nossa limitação, consideramos que a realidade é o que podemos perceber com os sentidos e também o que acreditamos existir.
É muito comum as pessoas dizerem:
“Eu não acredito em outras vidas”
“Eu não acredito em espíritos”
“Eu não acredito em Deus”
Como se a existência de algo estivesse condicionada às crenças pessoais. Antes que Isaac Newton entendesse e explicasse a Lei da Gravidade, a força da gravidade sempre existiu.
A realidade familiar do pequeno quarto em que vivemos é fortemente influenciada por toda realidade dos jardins em torno do castelo, ainda que não saibamos da sua existência.
E assim é nessa vida, há forças que existem e nos guiam, que por serem invisíveis aos olhos não consideramos; apenas sofremos seus efeitos e por essa ignorância vivemos um sofrimento que poderia ser evitado. As pessoas mais plenas e realizadas conhecem e usam essas forças a seu favor.
Há uma força que nos envolve logo que nascemos… Essa força é Maya.
Maya é uma força mágica, um véu que encobre a verdade e cria diversas ilusões em todos os aspectos dessa vida. Ela nos leva para a ignorância e o esquecimento de quem somos realmente.
O véu de Maya dificulta nossa visão, cria confusões e complexos cheios de fantasias que alimentam medos e nos prendem na ignorância.
No caminho no Lilah, vamos criando nossas Mayas pessoais dentro da grande Maya da vida.
Maya é o cenário e a cena do jogo Maha Lilah.
Maya é o próprio jogo.
Essa vida é Maya.
Maya, a ilusão, cria uma ignorância que chega à nossa consciência através da mente. Nos identificamos com a mente e isso faz com que estejamos sempre pensando em algo, nos aproximando das experiências por meio dos pensamentos.
Esse ruído mental incessante nos impede de encontrar serenidade em nosso interior, cria um falso eu interior, separado de tudo e de todos.
Esse eu separado e sozinho projeta uma sombra de medo e sofrimento sobre nós.
O pensador compulsivo, quase todos nós, vive em um estado de isolamento, em um mundo povoado de conflitos e problemas: a identificação com a mente é nosso maior engano.
A mente é um instrumento magnífico, mas se a usamos de forma errada, ela se torna destrutiva. Em geral, nós não usamos a mente, ela é que nos usa.
Nossa maior ilusão é acreditar que somos a mente.
A liberdade começa quando percebemos que não somos exclusivamente esse eu que pensa, o pensador. Saber disso nos permite observar o pensador e, então, uma outra parte de nós se revela: o eu que observa.
Nesse momento ativamos um nível mais amplo de consciência.
Percebemos que o pensamento é um aspecto diminuto da inteligência. Percebemos também que todas as coisas realmente importantes, como a beleza, o amor, a criatividade, a alegria e a paz interior, surgem de um ponto além da mente.
Então, começamos a acordar.
Ao percorrer o tabuleiro do Maha Lilah, passo a passo, vamos nos desvencilhando de Maya e desfazendo essa identificação com nossa mente.
E então, incluindo as diversas energias universais que existem dentro e fora de nós, nossas infinitas possibilidades, nos movemos em direção à cura e à integração!
Esse é o objetivo do jogo da vida, transcender Maya. Expandir a consciência e a percepção.